Exército desativa Sistema Guardiões da Amazônia para denúncias

Servidores públicos da área ambiental procuraram o Rondoniaovivo para denunciar que o Sistema Guardiões da Amazônia, que está sob responsabilidade do Exército Brasileiro, está inoperante desde a última segunda-feira (06).
De acordo com Lilian Pereira, que trabalha em um órgão estadual, ela já tentou diversas vezes usar o aplicativo, mas os dados não são transmitidos, resultando em erro que nunca é resolvido.
“Ele foi lançado há dois anos. Um aplicativo muito importante para a sociedade. Todos os órgãos ambientais do estado estavam usando para que as pessoas façam as denúncias de maneira anônima e precisa de focos de queimadas. Porém esta semana, o aplicativo foi retirado do ar, a mando do Exército que é o detentor oficial”, lamentou ela.
Ainda segundo a servidora, já correram algumas informações sobre o motivo da desativação do serviço, mas até agora não há manifestação oficial do Exército.
“No entendimento deles o aplicativo não é útil. Os municípios têm utilizado muito e o gasto público foi alto por causa do material de divulgação. Estamos tentando intervir de alguma forma, mas acredito que só com a ajuda da imprensa, eles revejam essa decisão”.
Detalhes
A reportagem tentou baixar a ferramenta, mas ele não está nem mais disponível na loja de aplicativos. Uma outra servidora pública de órgão municipal também entrou em contato com a redação do jornal eletrônico e relatou a inoperância do Guardiões da Amazônia.
“Isso vai impactar as pequenas secretarias municipais, que não têm estrutura, ou até a Sedam [Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental]. O Instituto Federal de Rondônia (IFRO) estava fazendo diversos estudos sobre o aplicativo. Sem contar a quantidade gigantesca de material impresso pronto por vários órgãos. O projeto foi morto sem aviso a todos”, lamentou Camila Braga.
Ela ainda lamenta a desativação da ferramenta contra a destruição da floresta às vésperas do maior período de queimadas em Rondônia, o verão amazônico.
“Sabemos muito bem que é um período muito propício para os crimes ambientais, como grilagem de terras, uso do fogo para limpeza de áreas, desmatamento ilegal. Enfim, muito trabalho para todos e o Exército comete esse desserviço sem explicar os motivos de retirar um dos poucos meios que a população tinha para fazer denúncias anônimas”.

O site do Guardiões da Amazônia (http://guardioes.amazondev.com.br/) usado para os cadastrados validarem as denúncias também exibe uma mensagem de erro há dias, segundo as personagens dessa reportagem.



Trabalho
O Rondoniaovivo entrou em contato com a assessoria de comunicação do Exército em Brasília (DF). Em retorno rápido, uma representante da corporação nos informou que tinha recebido a demanda e repassado ao Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus (AM).
Mas, ela apontou que a resposta poderia demorar, já que o CMA está envolvido nas buscas do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, onde estaria recebendo pedidos de veículos de comunicação de várias partes do mundo.
Assim que tivermos algum posicionamento, faremos a atualização deste texto.
Fonte: Rondoniaovivo